RESUMO
Ao decidir incorporar mais tecnologia ao seu processo produtivo ou galgar para um patamar estruturalmente superior, como o agroindustrial, o empresário rural além de agregar valor ao seu produto, certamente teve em mente o seu papel econômico - social que é o de explorar com maior produtividade e sustentabilidade os recursos naturais, reconhecendo-os como bens sociais e assim inibindo a pobreza que é, comprovadamente, o principal fator de degradação ambiental.
Agregar valor e garantir uma maior eficiência do ciclo produtivo e qualidade superior aos produtos, significa também viabilizar sua comercialização em mercados mais exigentes e competitivos, abrindo então maiores perspectivas de sustentabilidade da exploração, de forma individual ou através de cooperativas que participem da cadeia.
Por vocação natural o Brasil poderá tornar-se líder mundial em produção de frutas; resta provar que esta meta pode ser tão realística quanto a de aumentar a renda do produtor rural sem que disto decorra degradação ambiental.
Antes considerado dilema, este enfoque é justamente o desafio proposto neste artigo.
Save Associação – 2012 . Direitos Reservados
A AGREGAÇÃO DE VALOR COMO FATOR DE SUSTENTABILIDADE
Há muito, os costumes e hábitos tem levado a se tratar as áreas florestadas como um bem de consumo imediato, o que vem causando a destruição permanente e contínua da florestas.
Posteriormente e ante a falta de modelos adequados, uso das terras remanescentes de florestas tem sido feita de forma totalmente incorreta e não sustentada, resultando em grande destruição e pouca atividade econômica. Em muitos casos, devido ao atual estado de degradação ambiental de certas regiões que já foram florestadas e hoje desenvolvem práticas agropecuárias, as populações rurais sobrevivem precariamente com os parcos resultados da produção pecuária e de inexpressivas lavouras de subsistência. Isto provoca grande êxodo rural, abandono de muitas propriedades rurais e migração para áreas urbanas.
O desconhecimento dos efeitos da conservação da biodiversidade, dos princípios do desenvolvimento
sustentável, de tecnologias de sistemas agroflorestais e dos benefícios do associativismo ou do cooperativismo, tem concorrido, para a continuidade da prática de modelos tradicionais de agricultura e de pecuária, da utilização predatória das espécies em extinção da fauna e da flora, da utilização dos recursos hídricos e da biomassa de forma não sustentada, e finalmente das queimadas, causadoras da perda da fertilidade do solo e da diversidade florestal.
Agregar valor ao produto agropecuário tem sido uma meta exaustivamente buscada por produtores e autoridades responsáveis pelo desenvolvimento do setor primário, onde se aloja a agricultura. As contradições que este setor encerra como, por exemplo: a) ser alavancador do processo de distribuição de renda como intensivo absorvedor de mão de obra, mas apresentando problemas sociais no campo; b) representar cerca de 40 % do PIB nacional e 60 % das exportações( superavitárias) e oferecer baixíssimas remunerações médias ao produtor rural; fizeram com que esforços fossem concentrados no aspecto tecnológico, considerado como fator chave para minimizar essas discrepâncias e propiciar a inversão desse quadro. Este projeto busca portanto, resgatar valores econômicos-sociais locais, ao revelar seu efeito multiplicador na geração de emprego e renda na cadeia da fruticultura tropical.
A fruticultora tropical brasileira, reflete também um paradoxo, pelo fato do ser o terceiro produtor e consumidor mundial de frutas, mas deter uma tecnologia ainda insuficiente para fazer face aos desafios atuais do mercado de externo, exceção para o setor de sucos de frutas , e de iniciativas bem sucedidas de exportação de fruta "in-natura" .(Vide Quadro I, abaixo)
Daí a importância dos investimentos realizados no setor de biotecnologia para obtenção de novos cultivares com maior produtividade e resistentes a pragas e doenças, tanto por organismos governamentais quanto por empresas privadas.
Num mercado mundial estimado em US $ 20 bilhões, países como o Japão, por exemplo importam o equivalente a US $ 300 milhões de frutas "in natura", oferecem um mercado excepcional.
QUADRO I
MERCADO MUNDIAL DE FRUTAS E O BRASIL
FONTE: {FIRJAN, CIRJ, et al. 2000 ID: 2}/1997 e FAO/1995
US$ bilhões
Mercado mundial de frutas "in natura" 20,0
Complexo soja ( a titulo de comparação ) 16,0
Brasil exportação de frutas "in natura" e desidratadas( 0,5 % ) 0,1
PRODUCAO MUNDIAL DE FRUTAS E O BRASIL
FONTE: FIRJAN/1997 e FAO/1995
Brasil : 32 milhões de toneladas de frutas produzidas anualmente ( 3º º produtor mundial)
Banana: 39 % do total( a fruta mais comercializada do mundo), movimentando cerca de 5 US$ bilhões anualmente.
3. PROCESSAMENTO DO PRODUTO AGROFLORESTAL
Dentre as alternativas adequadas para processamento do produto agroflorestal, nível de produtor, uma das mais acessíveis é a desidratação de frutas e vegetais.
Estufas ou fornos para secagem, desidratação e/ou fabricação de passas de frutas, como são normalmente conhecidos, são compostos por sistemas de aquecimento e insuflação estáticos, com o ar quente atravessando a estufa longitudinalmente através de bandejas contendo as frutas. Isto requer um remanejamento periódico do posicionamento relativo das bandejas com relação a fonte quente, de forma a homogeneizar a secagem das frutas ( passas de banana, abacaxí, maçã, caqui, goiaba, etc ) e vegetais ( batata desidratada, tomate-seco, etc)
Uma inovação consiste em construir a estufa de forma cilíndrica, formado por uma estrutura metálica que sustenta as diversas canaletas onde se alojam as rodas dos carrinhos porta-bandejas. A estufa é dotada de um sistema de insuflação múltiplo estático sob o piso giratório, com retroalimentação, o qual, favorecido pelo giro da estrutura do piso, permite um fluxo térmico homogêneo em todas as bandejas, dispensando portanto o remanejamento periódico das mesmas. O equipamento propiciará uma redução de até 60% do tempo total do ciclo do sistema convencional, além de acrescentar, pelo melhor balanço térmico, um significativo ganho de qualidade ao produto final( traduzido num menor teor de umidade das frutas e vegetais desidratados, o que representa melhor sabor, melhor apresentação dentro da embalagem e principalmente maior conservação na prateleira).
Uma estrutura inferior articulada a um eixo central com elevador, gira o piso apoiado em rodízios que rolam sobre setores circulares concêntricos com o eixo e cria um plano inclinado facilitando a descarga dos carrinhos.
Os principais beneficiários da implantação de tecnologias que propiciem o desenvolvimento sustentável são os próprios habitantes das comunidades envolvidas, próximas a pólos de fruticultura ou arranjos produtivos locais que terão um significativo ganho na sua qualidade de vida, não somente pelo aumento da renda como em decorrência da conservação ambiental pelas novas praticas de exploração dos recursos naturais existentes no entorno dessas comunidades.
Desidratador industrial para frutas e vegetais .
Patente registrada no INPI
SAVE® AGROINDUSTRIAL LTDA – 2015 – Direitos Reservados
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