A comprovação da viabilidade econômica da substituição de artefatos derivados de xaxim (samambaiaçu - imperial, xaxim- Dicksonia sellowiana Hook ), incluído na lista de espécies nativa em extinção na Floresta Atlântica e com extração proibida, por subproduto do manejo ecológico de palmito cultivado da espécie palmeira real australiana ( Archontophoenix alexandrae ), foi alvo de trabalho recente realizado pela ONG SAVE- Associação Santuário de Vida Ecológica,.
O samambaiaçu ou popularmente, xaxim, foi utilizado por quase um século como vaso recipiente para plantas ornamentais, principalmente orquídeas. Sua maneabilidade, traduzida na facilidade de manufatura e acabamento final, sua constituição natural derivada de um caule com dezenas de anos de formação, contendo um espesso tecido vegetal altamente higroscópio e as intrínsecas propriedades para enraizamento e proteção da planta hospedada, conferiram a este cultivar uma capacidade inigualável.
Todavia, após longo período de exploração predatória, a exemplo de outras espécies da Floresta Atlântica, como o próprio palmito nativo (juçara- Euterpe edulis ), acabaram por tornar esta espécie cada vez mais rara culminando por inclui-la na lista de espécies em extinção, tendo sido sua extração com extração proibida.
A inviabilidade de cultivar esta planta em escala comercial, devido ao longo período exigido até sua maturação propícia ao corte( mais de 50 anos ) e o crescente interesse dos consumidores por alternativas legais e ecológicas, exigiu dos floricultores e fabricantes de vasos ornamentais a busca por sucedâneos economicamente atrativos e que atendessem as tendências do mercado e ao rigor da legislação ambiental. Uma das alternativas testadas foi o aproveitamento de subprodutos do manejo de palmeira- real - australiana ( PRA ) para produção de palmito ecológico cultivado.
Alem de apresentar todas as características favoráveis do xaxim, e até suplantá-las em alguns aspectos, alia o fato de que seu cultivo vem a também reduzir o impacto sobre a exploração predatória do palmito nativo juçara que até hoje representa mais de 50% da oferta global de palmito clandestino no mercado da região sudeste.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS CULTIVARES
Xaxim ( samambaiaçu-imperial, xaxim, xaxim-verdadeiro ou xaxim-bugio).
NOME CIENTÍFICO: Dicksonia sellowiana Hook . . Família: Dicksoniaceae
Características morfológicas:
Árvore do grupo das pteridófitas, uma samambaia arborescente, de 1-6 m de altura, tronco de 10-120 cm de diâmetro, formado por diversas camadas de raízes adventícias, que nascem do caule e se entrelaçam,
Folhas compostas, de até 2,40 m de comprimento. Flores ausentes. Fruto ausente. Sementes ausentes.
Uso: árvore utilizada pelo paisagismo em geral: madeira fibrosa, empregada na fabricação de vasos(Xaxim), placas, palitos e substrato para o cultivo de bromélias e orquídeas. As folhas são usadas contra sarna, coceira no corpo e solitária pelos índios brasileiros. Também servem como fonte de fibras e parecem ter valor medicinal no sistema respiratório. Já existe uma patente que reserva o direito sobre o uso e os processos de obtenção - a partir das folhas, do caule, do miolo ou da raiz - do extrato, da seiva, da tintura, da massa e de outros produtos derivados do Xaxim, que tenham emprego na medicina, na fitoterapia, nutrição, alopatia, veterinária, farmacologia, industrias alimentícia e cosmética. Espécie em extinção com extração proibida por lei.
Samambaiaçu – imperial ( Xaxim )
Palmeira real australiana
NOME CIENTÍFICO :Archontophoenix alexandrae; FAMÍLIA: Arecacea
Características morfológicas:
As espécies de palmeiras comumente chamadas de Palmeira Real Australiana ou Palmeira Real da Austrália de Alexandra, cujo nome cientifico é Archontophoenix alexandrae Wendl. Et Drude, são endêmicas do leste da Austrália, região tropical de Queensland, em altitudes inferiores a 1000 m. Possui características desejáveis para seu beneficiamento, onde o estipe é único e proeminente na base, as cicatrizes foliares são regularmente dispostas no sentido horizontal. A palmeira real australiana era utilizada em nosso país, até recentemente, apenas como ornamental.O interesse por essa palmeira como produtora de palmito só começou a partir de 1990, quando a exploração predatória da palmeira Juçara na região Sudeste do Brasil e do Açaí no norte, tinha alcançado o máximo de nossas reservas.
Atualmente, a palmeira real australiana tem sido considerada como potencial para exploração racional de palmito, devido principalmente às suas características de precocidade, rusticidade e qualidade do palmito. Palmeira Real Australiana
Palmeira-real-australiana
ASPECTOS TÉCNICO-ECONOMICOS DO APROVEITAMENTO DAS ESPÉCIES COMO SUBSTRATO ORNAMENTAL
A agroindústria brasileira do palmito é responsável pela maior produção mundial de palmito envasado. Gerando como conseqüência toneladas de resíduos no meio ambiente. O processo de extração do palmito se dá pelo corte da palmeira, na qual somente a bainha interna é utilizada para o consumo, o restante composto por caule (estipe), folíolos e bainhas externas e internas são descartados tornando-se um passivo ambiental. Neste contexto, os resíduos bainha, estipe e folíolo gerados na agroindústria do palmito da palmeira-real-da-austrália, foram utilizados com substrato no cultivo das orquídeas; Dendrobium phalaenopsis e Phalaenopsis aphrodite. Diante do exposto, os resíduos do gênero Archontophoenix (palmeira-real-da-austrália), são de grande potencial para serem utilizados como componentes de substratos no cultivo da espécie D. phalaenopsis, podem ser também uma alternativa econômica na substituição do xaxim, substrato mais utilizado no cultivo de orquídeas epífitas
Vaso de plástico rígido: 3 anos de duração útil
e 100 anos para degradação total no ambiente
Vaso de tronco de PRA: 2 anos de duração útil
e apenas 1 ano para sua degradação total.
Samambaiaçu, 50 anos para o ponto de corte
Palmeira-real, 3 anos para o ponto de corte
Artesanato de PRA; uma alternativa ecológica sustentável
CONCLUSÃO
Um dos objetivos da SAVE Associação, no seu viés sócio-ambiental, é resgatar os valores básicos de cidadania perdidos pela maioria dos habitantes trabalhadores da sua região de atuação, através do oferecimento de novas perspectivas de atividades praticadas tendo como foco o desenvolvimento sustentável, que propicie aumento do emprego e a geração de renda.
A substituição de espécies em extinção em decorrência de anos de exploração predatória tais como, samambaiaçu, (Dicksonia sellowiana Hook), para produção de xaxim e da palmeira juçara ( Euterpe edulis ), ambas com exploração proibida, por sucedâneos ecológicos com exploração sustentável, como por exemplo a palmeira real australiana ( Archontophenix alexandrae ), abre novos horizontes para a fixação do agricultor no campo ao apresentar novas perspectivas de geração de renda, fortalecendo o aspecto econômico e mitigando fatores de risco à degradação ambiental e de desequilíbrio social tais como o crescente êxodo rural para as grandes cidades .
REFERÊNCIAS:
CONDACK, J.P.S. 2010. Dicksoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro | SCHMITT, Jairo Lizandro;
SCHNEIDER Genetic parameters estimation in King palm through a mixed mating system model. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n.1, p. 93-98, 2003. , Paulo Henrique and WINDISCH, Paulo Günter. Crescimento do cáudice e fenologia de Dicksonia sellowiana Hook.
SIGNORELLI, M. A . PDA_SAF na recuperação de fatores abióticos de áreas degradadas . VIII CBDMA.
Clube de Engenharia. 2007. - PDAMA- MMA
BOVI, M.L.A.; BOVI, M.L.A.; RESENDE, M.D.V.; SPIERING, S.H. 200 anos para degradação total
EDUARDO ADENESKY FILHO 1 ; ROSETE PESCADOR 2; LORENA BENATHAR BALLOD TAVARES 3; RICARDO CARUSO 4. Aspectos técnico-economicos do aproveitamento das espécies como substrato ornamental . 1 Departamento de Ciências Naturais, 2 Laboratório de Biotecnologia Micropropagação Vegetal - FURB; 3 Departamento de Engenharia Química - FURB; 4 Acadêmico de Engenharia Florestal do Departamento de Engenharia Florestal - FURB.
Associação Santuário de Vida Ecológica